quinta-feira, 3 de novembro de 2011



Mundo dos Insetos X Mundo do Trabalho


Vivemos num mundo de "insetos"? É muito provável...

Todos os dias, a FORMIGA chegava cedinho ao escritório e pegava duro no trabalho.   Era produtiva e feliz.


O gerente MARIMBONDO, estranhou a FORMIGA trabalhar sem supervisão. Se ela era produtiva sem supervisão, seria ainda mais se fosse supervisionada. E colocou uma BARATA, que preparava belíssimos relatórios   e tinha muita experiência, como supervisora.

A primeira preocupação da BARATA foi a de padronizar o horário de entrada e saída da FORMIGA.   Logo a BARATA precisou de uma secretária para ajudar a preparar os relatórios e contratou também uma ARANHA para organizar os arquivos e controlar as ligações telefônicas.
O MARIMBONDO ficou encantado com os relatórios da BARATA, e pediu também gráficos com indicadores e análise das tendências que eram mostradas em reuniões. A BARATA então contratou uma MOSCA, e comprou um computador com impressora colorida. Logo a FORMIGA produtiva e feliz, começou a lamentar-se de toda aquela movimentação de papéis e reuniões que eram feitas.

O MARIMBONDO concluiu que era o momento de criar a função de gestor para a área onde a FORMIGA produtiva e feliz, trabalhava. O cargo foi dado a uma CIGARRA, que mandou colocar carpete no seu escritório e comprar uma cadeira especial. A nova gestora CIGARRA logo precisou de um computador e de uma assistente (sua assistente na empresa anterior) para ajudá-la a preparar um plano estratégico de melhorias e um controle do orçamento para a área onde trabalhava a FORMIGA, que já não cantarolava mais e cada dia se tornava mais chateada.
A CIGARRA então convenceu o gerente MARIMBONDO, que era preciso fazer um estudo de clima. Mas o MARIMBONDO, ao rever as cifras, se deu conta de que a unidade na qual a FORMIGA trabalhava já não rendia como antes, e assim contratou a CORUJA. Uma prestigiada consultora, muito famosa, para que fizesse um diagnóstico da situação.   A CORUJA permaneceu três meses nos escritórios e emitiu um volumoso relatório, com vários volumes que concluía:  "Há muita gente nesta empresa".

O MARIMBONDO seguindo o conselho do relatório da CORUJA, mandou demitir a FORMIGA, porque ela andava muito desmotivada e aborrecida.

Autor Desconhecido.

Esta fábula de domínio público, frequentemente usada em palestras motivacionais em empresas público-privada e terceiro setor, cujo objetivo é manter seus ‘colaboradores’ antenados e longe de serem simples formigas, ilustra a realidade vil em que vive o trabalhador: AQUELE QUE MAIS TRABALHA É O QUE TEM MENOS VALOR. Considerando ser esta uma ‘verdade’ para os herdeiros de um poder sem pudor, refletir é preciso nas agonizantes e enfermas relações de trabalho. Mas, para que esta reflexão nos leve a mudanças de fato cabe-nos ações concretas e não conformismos viciados que atestam e corroboram com o frequente: “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Esta frase caberia bem nos tempos de senhores de engenho designando capatazes a perseguirem seus escravos. As relações de trabalho são outras, assim como estes novos tempos. Tempo de RESPEITO lembrado pelos ativistas de Direitos Humanos ou em ações trabalhistas e denúncias nos órgãos cíveis e legítimos de organização de classe. Ainda que alguns destes órgãos também estejam perdidos em suas vaidades e, inescrupulosas ações de ABUSO DE PODER.*

Maria Grizante.   


*Triste relatar fato ocorrido com uma trabalhadora, como se já não bastasse o que sofreu no trabalho, dor maior veio de um integrante do seu sindicato. Além do assédio moral, ela foi "premiada" com a insanidade de um diretor que a “marcou com ferro quente como se marca o gado”. Abuso de Poder? Não só. É deixar uma marca externa do estrago interno que nenhuma cirurgia plástica jamais poderá reparar.


segunda-feira, 31 de outubro de 2011

O Assédio Moral e Amigas de Jó


Servidor é trabalhador? Para trabalhar, servidor tem direito a ter sua saúde física e mental resguardadas e preservadas? Só para esclarecer!

Ironia não? Perdemos não só a saúde naquele serviço de saúde do trabalhador como a vontade de prosseguir em nossa carreira. Como cristã, a inspiração veio através do apóstolo Paulo: “quando pareço fraco é que sou forte”.
Quando aconteceu a transferência para o centro de referência, corria nas diferentes esferas de comunicação do trabalhador (ou "Rádio Peão"), de que era um lugar difícil de trabalhar. 
Que outra opção senão aceitar o que nos havia sido imposto? Sim, porque gestor não pergunta onde você contribuirá mais de acordo com o seu perfil, formação, aptidão, afinidades e preferências
Ele simplesmente usa de seu poder e... Determina. Faz cumprir. Nós, em vão questionamos. Nos submetemos e... Obedecemos. Lembra a música do Zé Ramalho, 'Vida de Gado'.

Tantas foram as situações constrangedoras vividas e ou presenciadas naquele local de trabalho! Rompantes de total abuso de poder e, por palavras e gestos recorrentes, o inconsequente assédio moral. Os de fora, assistiam e, calados, consentiam. Mudos, retornavam às suas zonas de conforto e “proteção” (sendo também vítimas por conta da lei do silêncio). Atitudes solidárias em favor do colega humilhado? Nem pensar! Total omissão. Nada a declarar!
A data da pior das humilhações no local de trabalho foi próxima ao carnaval em fevereiro de 2006. Diante de uma pequena platéia, formada por três servidoras, que assistiam caladas a leitura de uma carta onde a humilhação, o nó na garganta, a impotência,  o absoluto e desmedido abuso de poder, dava conta dos "motivos" de nossa transferência, finalizando com um pedido à nossa nova chefia: "compaixão por tão imprestável e desqualificado trabalhador." Nossa honra e dignidade, jogadas  no cesto de lixo sem separação com a casca de banana ou o resto do lápis apontado. De posse da cópia da carta, assinada e carimbada, procuramos ajuda de uma advogada. A advogada, após ouvir o relato, em meio ao choro, a dor na alma e a vergonha, nos indicou uma profissional com referência em atender casos de assédio moral no ABC: uma psiquiatra.

A música de Gonzaguinha soava como trilha sonora desde a leitura da tal carta. Lembrávamos da canção na voz de Fagner, com seu sotaque carregado:
“Um homem se humilha/Se castram seu sonho/Seu sonho é sua vida/E vida é trabalho...E sem o seu trabalho/O homem não tem honra/E sem a sua honra/Se morre, se mata...Não dá prá ser feliz/Não dá prá ser feliz...”
Parecia esquete de teatro do oprimido, tantas vezes encenada.

Mas afinal, o que é assédio moral?
Segundo o trabalho realizado pela doutora Margarida Barreto:
“São condutas externas que provocam na vítima o sentimento de humilhação, ofensa, rebaixamento, degradação, entre outras.”
"O assédio moral, em sua silenciosa investida também pode apresentar sintomas que vão desde crises de choro imotivadas até tentativas de suicídio."

Então, é ficarmos atentos as alterações e aos sinais que o nosso próprio corpo apresenta e, conversarmos com familiares, amigos, colegas de trabalho e, até um especialista, a princípio um psicólogo. Se persistirem e até acentuarem sintomas como: alterações de sono (sonolência ou insônia), depressão, dores de cabeça, passar a ingerir bebida alcoólica ou outro tipo de hábito entendendo como dependência, é hora de procurar um psiquiatra. Este profissional pode, com certeza, tratar de sua saúde mental e propor através de tratamento medicamentoso, uma vida saudável novamente.

Agradecimentos:
Nossa maior vitória sobre o Assédio Moral, foi estudar sobre o assunto e, nunca mais ser intimidado por quem quer que seja, que pretenda abusar do poder que tem para nos adoecer.
Nossa maior vitória foi passar por este vale de dor e, levantar a cabeça e ser referência no assunto até para contribuir com outros colegas que padeçam deste mal em seus respectivos locais de trabalho.
Nossa maior vitória foi ter a certeza de que Deus cuida e cuidou de detalhes na nossa recuperação.
Agradeço a Deus, por nos fortalecer neste período e por permitir que o choro se tornasse em riso, entendendo que este riso é a minha família.
À todos os colegas de trabalho do centro de referência, ainda que tenha lhes faltado coragem para denunciar.
Aos “amigos de Jó”, que embora não acreditassem, contemplaram nossa força sendo restaurada dia após dia. Ressoando: “Combati o bom combate e Venci... Guardei a fé!”/Chega de Humilhação.

Participamos em 2004, de um dia de formação no SINDUSP (Sindicato dos Trabalhadores da Universidade de São Paulo), onde o tema: Assédio Moral, foi abordado de maneira clara, objetiva e com relatos das vítimas.As palestras e discussões versaram a partir do trabalho desenvolvido pela Doutora Margarida Barreto, intitulado: Assédio Moral, Uma Jornada de Humilhações!
Recentemente, dia 21de Outubro, aproveitando a Semana do Servidor, a mestre e doutoranda em doença mental no trabalho, nos presenteou com uma brilhante e oportuna palestra com o tema:
Saúde Mental no Trabalho: Vamos Falar de Assédio Moral?

A partir deste último evento, uma proposta antiga de um Núcleo de Apoio as Vítimas de Assédio Moral aos trabalhadores do setor público, seja regime estatutário, CLT, terceirizado, voluntário, enfim todos que estão expostos as "radiações" do abudo de poder, foi retomada inclusive com aval da própria doutora Margarida Barreto e outros profissionais que entendem que não é possível que se perpetue esta relação perversa do trabalho que adoece e trata indignamente o trabalhador

VAMOS DIZER NÃO AO ASSÉDIO MORAL NO SERVIÇO PÚBLICO! 
DENUNCIAR É EXIGIR MUDANÇAS URGENTES.

Maria Grizante.


Contate-nos pelo e-mail: grizanteas@yahoo.com.br ou pelo facebook: Maria Grizante.

sábado, 22 de outubro de 2011

Saúde Mental no Trabalho: Vamos Falar de Assédio Moral?
Evento realizado nesta última sexta feira (21/10/2011), 9h00 no Auditório da Câmara Municipal.
Muito obrigado a todos que participaram e aprenderam um pouco mais.
Muito obrigado a Mestre e Doutora Margarida Barreto, pesquisadora de renome que veio nos trazer informações acerca do que vem acontecendo nas relações de trabalho no Brasil e pelo mundo afora. A disseminação da prática que vem adoecendo trabalhador, interrompendo sonhos e, o que é assustador, causando além de inúmeros males á saúde, até mortes por suicídio no trabalho.
Obrigado por nos orientar através do conhecimento adquirido e compartilhado, de práticas absurdamente abusivas e praticados sem o menor pudor pelos detentores do poder, seja ele público, privado, ONGs, sindicatos, igrejas e toda e qualquer instituição onde haja superior e subordinado. Nestas relações, são dispensáveis os abusos de poder e a violência do assédio sexual, moral, desinteligente e que provoca tanto dano e destruição à vida de um ser humano.
Obrigado pelo apoio de entidades sérias e comprometidas com o outro como o Viva Melhor! IPES - Instituto Paulista de Educação e Saúde. Movimento pela Paz e Justiça Social, que colaboraram desde na organização e e finalização do evento. 
Pela ex-vereadora, a advogada Heleni de Paiva.
Parabéns e obrigado a todos pela sensibilidade.
A Palavra chave É respeito!



Núcleo de Apoio as Vítimas de Assédio Moral

O dia 02 de Maio, logo após o Dia do Trabalho, é lembrado como o Dia de Combate ao Assédio Moral. A data, porém passa despercebida inclusive por alguns sindicatos, pois é “saia justa” falar de assédio moral quando as próprias entidades que deveriam defender o trabalhador cometem abusos com os seus trabalhadores, com diretores e com os que ele, em tese, deveria representar, pois tratam com descaso e certa falta de interesse em sequer ouvi-los em suas queixas e dores. Sindicato também adoece!

Quem já sofreu, sabe! Quem está sofrendo tem a partir de agora, a nossa solidariedade e total apoio. Mas, o mais triste, é que ninguém está isento de vir a sofrer de assédio moral em algum momento nas relações de trabalho. Para coibir é necessário dar visibilidade. Em outras palavras: Denunciar. Denunciar. Denunciar.

Mas o que é mesmo Assédio Moral?

É o constrangimento do trabalhador por chefias imediatas, encarregados, gerentes, diretores, enfim, toda sorte de superiores e até colegas de trabalho, repetida e constantemente, com o principal objetivo de ferir a dignidade, a saúde física, mental e até social, uma vez que prejudica as relações fora do campo do trabalho (família, escola, faculdade, entre outros), com prejuízos não só na vida profissional como além dela. É a exposição frequente do funcionário a situações humilhantes e vexatórias durante sua jornada de trabalho.

Exemplos de Assédio Moral:

Ø  Fazer ameaças constantes de transferências e, no caso dos colegas servidores no regime CLT, até demissões.
Ø   Ofender de forma contundente não só o profissional, mas a pessoa na sua totalidade e essência.
Ø  Exigir uma sobrecarga de trabalho e/ou dificultar sua execução.
Ø  Restringir e isolar o funcionário no convívio com os demais colegas, impedindo-o desde conversar, cumprimentar até fazer refeições coletivas para evitar contato.
Ø  Envergonhar o funcionário com rompantes de desmoralização pública (o assediador tem necessidade de ser notado).
Ø  Desvalorizar o trabalho realizado ridicularizando o trabalhador frente aos demais colegas.
Ø  Cobrar tarefas muito diferentes das atividades originais, desconsiderando dificuldade superior ou inferior ao conhecimento/função do funcionário com intuito de humilhar e hostilizar o trabalhador.
Ø  Semear a discórdia entre os próprios colegas fazendo com que estes tenham atitudes de desprezo e desrespeito para com o colega assediado.
Ø  Atemorizar os que estão em estágio probatório com avaliações com o único intuito de prejudicar o trabalhador comprometendo seu potencial e até sua carreira profissional.
Ø  Espalhar boatos sobre a saúde física e mental do funcionário, além de sua conduta moral para que este fique cada vez mais acuado, isolado e desacreditado.
Ø  Sugerir que peça demissão ou, em sendo o caso, até entrar com pedido de aposentadoria proporcional.

Consequências do Assédio Moral:

Ø Dignidade ferida, por conseguinte identidade, relações afetivas e sociais comprometidas.
Ø Crises de choro nas mulheres, aumento ou perda de peso, hipertensão arterial, depressão seguida ou não de síndrome do pânico, perdas frequentes de voz.
Ø Incapacidade para o trabalho que pode levar ao desemprego, além do consumo abusivo de álcool e drogas, seguidos de sentimentos de vingança e por fim chegar até ao suicídio.                         
Ø Sentimento de vergonha, revolta, mágoa, culpa indignação, raiva, apatia e, vingança. 

Como Combater o Assédio Moral:

Ø Dar visibilidade compartilhando com demais colegas as situações de assédio sofrido.
Ø Participar os familiares sobre suas angústias e dificuldades no trabalho.
Ø Denunciar primeiro no RH, posteriormente procurar ajuda de um médico de confiança, orientar-se com um advogado, informar sua entidade de classe que (em tese) o representa, lavrar um B.O. (boletim de ocorrência) e por fim, denunciar no MPT - Ministério Público do Trabalho – que também existe para defender o trabalhador.
Ø E a principal de todas as medidas no combate a este mal é tirar a ‘bindagem’ do assediador, denunciando-o e não atendendo a sua voraz necessidade em tripudiar sobre você quando este o solicitar em sua sala ou departamento. Atende-lo sempre na companhia de um colega de trabalho ou mesmo de um dirigente sindical que realmente esteja e seja comprometido com o trabalhador em sua dor, acercando-se de que este representante realmente o representa.
Ø Por fim, leia. Informe-se sobre recentes leis para coibir o assédio moral no trabalho, seja ele público ou privado, terceiro setor, enfim. Participe de fóruns de discussão e debate. Seminários. Palestras. Blogs. Informações de situações com jurisprudência ocorrida no âmbito das relações de trabalho.

O Núcleo de Apoio as Vítimas do Assédio Moral está sendo construído a muitas mãos. Infelizmente com muitas lágrimas também por aqueles que já sofreram e passaram por situações as quais seria melhor não ter acontecido, pois esquecer, nunca mais.
Com ousadia, queremos construir um ‘porto seguro’ onde a vítima e  familiares atingidos indiretamente por este mal, possam receber apoio e ter onde falar de suas dores, angústias e marcas causadas pelos algozes e também doentes assediadores.

Provisoriamente, até que dentro em breve tenhamos um espaço onde possamos nos reunir, este é o seu, o nosso espaço. Conte, compartilhe sua história conosco e vamos juntos, vislumbrar saídas para este túnel que parece não mostrar o seu fim.

Colegas de trabalho, sejam bem vindos! Temos muito que conversar.

Abraços,

Maria Grizante.


quinta-feira, 20 de outubro de 2011


SAÚDE MENTAL NO TRABALHO: 
Vamos falar de Assédio Moral?

Saúde Mental no Trabalho não é um assunto fácil ou que se queira abordar ou debater, até porque o tema nos remete a uma questão ainda mais profunda e este sim o principal promotor não da saúde, mas de doença no trabalho: o Assédio Moral. Este sim, um mal que vem sendo o responsável por afastamentos no trabalho, muitas vezes sem que o diagnóstico seja claro ou preciso tanto para o médico que assiste (muitas vezes um generalista) quanto para o próprio trabalhador. Reconhecer que a dor abdominal, a insônia, a consequente irritabilidade, dores de cabeça, a desmotivação e isolamento, as crises de choro, o abuso e consequente dependência de álcool e drogas, problemas cardíacos e respiratórios, a mudança de comportamento, a perda da voz, a depressão, a síndrome do pânico, entre outros sintomas podem estar diretamente relacionados ao Assédio Moral no trabalho. Um mal que adoece silenciosamente e que expõe os equívocos nas relações de trabalho e a comumente fragilidade do trabalhador frente a situações de humilhação sofrida em sua jornada de trabalho com superiores hierárquicos ou com o próprio colega de trabalho.

A questão do Assédio Moral vem ganhando notoriedade como doença do trabalho e um problema de saúde pública a partir de pesquisadores que ousaram dizer que esta prática adoece sim o trabalhador inclusive provando com suas teses, os males por vezes irreversíveis e danosos ao trabalhador vítima deste abuso nas relações de poder. Entendendo também como uma questão de violência, uma vez que fere a dignidade do trabalhador em sua moral, alguns trabalhadores, muito timidamente buscam respaldo judicial e com um B.O. (boletim de ocorrência) nas mãos, processam seus algozes por danos morais, com jurisprudência inclusive, tanto no setor privado, quanto público, no terceiro setor e sindicatos, sem que seja, contudo notícia nas mídias, pois é admitir a falência do sistema perverso em que vivemos: a vítima é execrada e o “algoz”, enaltecido.
Duplamente adoecido e com agravantes de ter que procurar ajuda de profissional específico – médico psiquiatra e psicólogo – a discriminação e o preconceito assumem contornos inimagináveis. Apelidos e piadas absolutamente dispensáveis, a discriminação e o preconceito pelos seus pares quando afastado do trabalho, podem levar a perda do emprego e, sem nenhum exagero, o sofrimento mental causado pelo Assedio Moral pode levar desde sentimentos de vingança até ao suicídio.

Por tudo isto e muito mais é que este tema merece ser refletido e debatido com seriedade por toda a sociedade, vislumbrando um compromisso de ao menos minimizar ou quiçá extinguir o sofrimento mental causado nas relações de trabalho. Que todos sejam de fato parceiros e colaboradores, entendendo que ora você é/está gestor, ora você é colaborador/trabalhador sem que isso o torne mais ou menos importante no processo de produzir ou prestar serviço. A palavra-chave é Respeito!



Maria Grizante. Assistente Social-Sanitarista. Trabalhadora. Promotora de Ações Inclusivas. 

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Discriminação Racial

Discriminação Racial

Joana estava num bar conversando e bebendo com seus amigos. De repente, todos foram surpreendidos pelo secretário do município que chegou e disse em voz alta: "Sai, negra, daí e libera esta mesa". Joana protestou e disse que estava sendo humilhada e discriminada por ser negra. O secretário reiterou chamando os outros da mesa de "macacos". Joana foi até a delegacia e quis registrar a queixa por crime de racismo. Mas, como o autor do crime era pessoa influente na cidade, o delegado se negou a fazer o registro. Foi, então, ao Ministério Público. O promotor disse que Joana deveria procurar um advogado e ingressar com a ação por crime contra a honra.

Quando ocorre a discriminação racial?
Ela ocorre quando a pessoa sofre preconceito ou discriminação em razão da cor de sua pele ou etnia.
Todo tipo de discriminação e preconceito é vedado pela legislação brasileira. A Constituição Federal, no seu art. 5º, dispõe que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, no seu art. 1º, dispõe A?=?I?que todos os seres humanos nascem iguais em dignidade e direitos. O art. 2º ainda assevera que todos os seres humanos estão aptos a exercer os seus direitos sem distinção de nenhum tipo ou gênero, seja por raça, cor, sexo, língua, orientação política etc. A Constituição Federal, no 47.seu art. 5º, incisos XLI e XLII, dispõe que a lei punirá qualquer discriminação atentatória aos direitos e liberdades fundamentais e que a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão.
O que fazer quando uma pessoa for vítima de crime de racismo?

A prática de uma discriminação em virtude de cor ou etnia poderá ser enquadrada na Lei nº 7.716/89, que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor. Nesse caso, a ação será pública e bastará que a vítima comunique o crime à autoridade policial ou ao promotor de Justiça para que este tome as providências legais cabíveis. Não é preciso que a vítima contrate advogado, visto que o promotor é que ingressará com a ação penal se o crime for enquadrado como de racismo.
Porém, a prática de racismo poderá ser enquadrada como crime de injúria real, previsto no art. 140, § 3º, do Código Penal. Neste caso, a ação será privada e a vítima deverá contratar advogado e ingressar com o processo dentro do prazo de seis meses, a contar da data que ocorreu o crime.
Leis Importantes
Constituição Federal, Lei nº 7.716/89 e Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas deA?=?I? Discriminação Racial.
LEI Nº 7.716/89
Define os crimes resultantes de preconceito de raça e de cor.
Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém, devidamente habilitado, a qualquer cargo da administração direta ou indireta, bem como das concessionárias de serviços públicos.
Pena: reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
Pena: reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos e multa.

Código Penal
Injúria
Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro.
3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes à raça, etnia, religião ou origem:
Pena: reclusão de 1(um) a 3(três) anos e multa.

domingo, 11 de abril de 2010

Abuso de Poder

CARÁTER E ABUSO DE PODER


"Quase todos os homens são capazes de suportar adversidades,

mas se quiser por à prova o caráter de um homem,

dê-lhe poder!"


Abrahan Lincon

domingo, 14 de março de 2010

Vamos Gritar Juntas???

MULHER, NÃO FIQUE MUDA DIANTE DO ASSÉDIO!
VAMOS GRITAR JUNTAS?!

por: Maria Grizante.

Recentemente lemos num jornal de grande circulação, que um alto executivo da empresa LG, situada em Taubaté, interior de São Paulo, não satisfeito em assediar moralmente uma funcionária, agrediu-a. De origem coreana, o executivo, que inclusive tem por hábito bradar xingamentos em sua língua nativa a todos os funcionários, está sendo devidamente processado pelo mal causado àquela funcionária: com depressão, afastada do trabalho e aguardando sentença contra o agressor..
Dizer que isto se trata de um caso típico de abuso de poder é “chover no molhado”!

Pensando na nossa realidade como servidoras, quanto dilúvio tem caído por aqui em termos de assédio moral, sexual e absoluto despreparo nas relações de poder!
Quanta falta de respeito com quem levanta de manhã sem ter a menor vontade de chegar ao trabalho devido às situações humilhantes e degradantes para defender o ‘pão de cada dia’!
Quantas piadinhas sem graça terá que ouvir e fingindo não entender, esquivar-se do assediador buscando proteção junto a uma colega, também assediada. Por vezes até ridicularizada, se não estiver dentro dos padrões de beleza das BBBs, ou de musas do carnaval.

Quantas de nós não somos agredidas diariamente com olhares de insulto e constrangimento?
Quantas de nós não somos violentadas emocionalmente durante nossa árdua jornada de trabalho?
Quantas de nós não temos o grito preso na garganta por passarmos por cólica menstrual, dor de parto, pós- parto, amamentação, câncer, retirada de mama, só para citar algumas de nossas dores, sem alardear a descabida fragilidade?
Até quando sufocaremos o grito, mantendo o assediador protegido?
Até quando ficaremos em silêncio permitindo ao assediador fazer mais vítimas?

Mulher Servidora: o seu grito é o nosso grito. DENUNCIE!